domingo, 3 de maio de 2015

Uma Garota no Meio do Caminho
Uma linda e pequenina garotinha com seus loiros cabelos organizados delicadamente em uma trança corria para longe de casa, mas, quanto mais corria mais se aproximava do que tanto tentava escapar. A delicada trança era mais um de seus simples feitos, afinal, não tinha ninguém para fazer por ela. Ninguém se importa. Corria, corria e corria, queria correr mais, mas suas curtas pernas não aguentariam. As pessoas dizem, isso é uma fase, é coisa de adolescente. Que tal culparmos a TPM? Para elas isso não é nada, como é bom desprezar as dores alheias. Ela senta em um tronco morto para recuperar o ar perdido. “Morto”. É uma palavra engraçada para o momento. Tudo ao seu redor parece morto, sentada lá, ela observa as árvores dolorosas em uma estrada escura. Ela não consegue ver os calorosos raios da luz do sol e a bela vida que cresce ali. Ela pensa e percebe que quer se deixar prender, há mais amor em uma prisão calorosa do que em uma liberdade fria. Ela vê um homem andando calmamente pelo outro lado da estrada, ele a vê e se encaram. Ela pensa que ele pode sequestra-la, será que ela lutaria contra? Não sei, nem ela mesmo sabe, então ninguém sabe. Se existir um Deus quem sabe Ele saiba, ou não. Ele muda seu caminho. Vai em direção a ela. Ela segura a respiração por um momento. Ele a olha de cima a baixo quando para a alguns passos dela. O que ele vai dizer? O que ele vai fazer? A pequena cabecinha loira está cheia disso. Ele diz, O que uma garotinha como você está fazendo aqui sozinha? Ela sente que quer bater nele. Como todos os outros. Ela rebate apenas em pensamento. Ela fica intrigada com seus olhos puxados, resolve tentar levar-se, o que de ruim pode acontecer? Ele a pega no colo e a leva para casa, ela fica sem entender nada. Em casa, todos ficam satisfeitos. Exceto ela, mas ela não faz parte da casa mesmo. Ela não quer mais, ser presa por ele é sufocante, agora ela prefere a liberdade fria que esbanjava. Novamente corria, corria e corria. Novamente ela senta no mesmo tronco morto. Novamente ela vê um homem. Parece um ciclo. Ele se aproxima dela assim como o outro. Devagar e determinado. Ele abre a boca, mas nada sai. Ela pensa, Por favor, não diga: O que uma garotinha como você está fazendo aqui sozinha?, por favor, não. Oi, tudo bem? É o que seus ouvidos recebem, ela o olha nos olhos escuros e se pergunta, Cadê a pena? Não existe. Ela responde. Oi! Tudo e com você? Não parece tudo bem, ele a surpreende. Ninguém nunca percebeu naquela mascara feliz que ela usava, mascara a qual ela queria que alguém quebrasse. Seu sorriso se desfaz. Ele não pergunta nada. Pega seu pequeno corpo e o joga em suas costas. E corre, corre, corre mais rápido que ela, que se delicia com o vento bagunçando seu cabelo solto, quebrando aquele mórbido ciclo infeliz.

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Uma Aventura Quase Possível

Corria pelo parque perto de casa, corria para esquecer meus problemas, corria para tentar deixar para trás o que me afligia, corria para tentar fazer meu coração partido bater novamente. O amor da minha vida, minha vizinha e infelizmente amiga amava meu irmão. 
Naquele parque não havia quase ninguém, afinal era dia de semana, mas uma árvore estranha me chamou a atenção quando passei por ela. Já mais calmo, percebi que havia uma escada e algo que se assemelhava a uma portinha. Toquei naquilo e se abriu, fiquei espantado, parecia um túnel escuro, tinha um cheiro tão convidativo. 
Decidi, entraria lá. Coloquei o pé no primeiro degrau e senti que era pegajoso e escorregadio. Aquilo parecia me chamar para tocá-lo, foi o que eu fiz. Era mole, apertei e consegui tirar um pedaço. Pudim. Era pudim. Provei. Realmente era pudim. Cara, eu realmente amava pudim.
Fiquei intrigado com aquilo. Como que poderia existir uma escada de pudim? Sabia que a resposta estava além daquele túnel. Entrei. 
Quando entrei parecia que estava dentro de um macarrão, vi uma luz, segui-a e ao ponto de alcançá-la não pude mais prosseguir. Cai em algo gelado e molenga. Gelatina. Escorreguei por ela e cai em um rio ou lago, não sei, não vi direito. Não sabia nadar e assim me afoguei no líquido escuro. Coca-Cola, foi a última coisa em que pensei antes de mergulhar mais fundo em uma escuridão mais intensa, perdi a consciência.


Acordei sentindo algo me tocar, cheirava a brigadeiro, abri os olhos e vi várias criaturinhas baixinhas me cercando e encarando. Eram... ursinhos. Ursinhos de brigadeiro e beijinho, sei porque eu acidentalmente mordi um, o coitadinho ficou sem a mão. Não sei se foi por isso, ou por simplesmente ser eu, mas eles me amarraram com tirinhas de alcaçuz e me levaram para a prisão, que ficava embaixo de um castelo de bacon e torresmo, aquela imagem me deu água na boca.
A prisão era feita de pé-de-moleque e as supostas grades eram feitas de canudinhos de waffle recheados, aqueles que comemos com sorvete, grossos, não daria para comer tudo aquilo. Olhei ao redor e sentei em uma cama de bolacha, ainda amarrado com o alcaçuz. Parecia que aquela cela fora feita exatamente para mim, tudo tinha amendoim, o pé-de-moleque e o recheio dos canudinhos. Eu era alérgico a amendoim. Bastaria um pouquinho e eu não respiraria mais.
Não sei quanto tempo se passou comigo preso lá, só sei que foi bastante, muito mesmo. Não podia deixar de ficar nervoso, afinal estava cercado por amendoim. Amendoim. Muitas vezes tentei dormir no único lugar que podia tocar, a cama de bolacha.  Foi em vão.
Mirava o teto bonito quando ouvi uma voz feminina, parecia irritada, disse alterada:
- Que droga! Eu quero viver, por que ele não entende isso?! Eu não nasci para ficar guardada dentro de casa. - uma jovem olhou para mim surpresa, ela era colorida. Os braços eram amarelos e as pernas eram verdes, o cabelo longo era lilás, assim como o seu rosto, o tronco era azul claro (depois eu conto como eu descobri.), ela era feita de doce como quase tudo daquele lugar.
- Ei você? - chamei - Quem é você? Onde eu estou ? E o que estou fazendo aqui? - perguntei impaciente.
Ela começou a chorar, provavelmente, assustada, me senti mal por isso, não gostava de ver garotas chorarem. E para arrumar a situação falei mais suave.
- Eu,... Me desculpe*, eu não queria te assustar. Eu não sou um cara do mal. - Só um pouquinho viciado em doce, pensei - Você poderia me ajudar a sair daqui e voltar pra* casar?
- Eu... - suas lágrimas foram cessando e eu suspirei aliviado. - Eu não es-estou a-assustada. É que você é diferente. Você não é daqui, é? - de alguma forma a postura dela mudou, parecia mais confiante.
- Não, por isso preciso que você me leve até em casa. - sorri.
- Você precisa de mim...? Onde é a sua casa?
- Não é nesse mundo, é em outro. Sei lá, eu entrei em uma árvore e parei aqui.
- Aaaaah! Legal! Não sei como te levar lá, mas vou fazer o meu melhor pra* te ajudar. Essa é a aventura que eu tanto queria. - levantou os punhos cerrados. Ela é louca! Gostei dela. Até porque eu me identificava, de certa forma, com aquela doce garota, literalmente doce.
- Acho melhor você tirar daqui primeiro...
- Sim, é verdade. - a garota levantou um pouco a barra do vestido laranja e pude ver que ela tirou uma adaga do Garter na coxa. Ela me entregou a ferramenta.
- Aqui, vá cortando a corda que eu vou pegar a chave.
- Tome cuidado e boa sorte! - desejei.
Rapidamente peguei a faca e com muito trabalho achei o melhor jeito para cortar o alcaçuz, foi realmente difícil. Com muita força de vontade e tempo mais ainda consegui rompê-lo. Guardei um pedaço para comer mais tarde. - Eu já disse que sou viciado em doce? - Não sei como ela conseguiu, ou o que ela fez com os guardas ursinhos de brigadeiro e beijinho. Depois de me soltar ela veio sem demora, correndo e balançando a chave entre os dedos.
Destravou o cadeado e assim que vi a porta aberta não pude resistir de abraçá-la, afinal ela me libertara daquele lugar agonizante, no começo ela se surpreendeu, mas logo correspondeu.
- Obrigado, .... é...?!
- Jujuba, meu nome é Jujuba e tenho 158 anos, ainda estou na flor da idade.
- Aaah! Então é por isso. Eu sou Simon, 16. - Como assim 158 e ainda é novinha? Esse mundo é louco.
- Prazer. -  estendeu a mão sorrindo, um sorriso lindo. - Nós devemos falar com o Senhor Franguis Assadis, ele saberá como te levar para casa.
- Sei, onde ele mora?
- Ouvi dizer que ele mora perto do mar, na terra de batatas. É dois de viagem a cavalo de chocolate daqui.
- Terra de Batatas? Cavalo de Chocolate? Esse mundo realmente é uma delícia. Quando partimos?
- Hoje mesmo, vou pegar suprimentos e pedir para preparar os cavalos. Vou te deixar na minha casa da árvore, se meu pai descobrir que estou te ajudando vai cortar a sua cabeça.
- Por que? O que tem seu pai com isso?
- Nada não, esquece.
Quando vi a casa da árvore daquela garota fiquei de boca aberta, aquela casa era maior que a minha. Se isso é a casa da árvore imagina a casa de verdade. Dentro era mais surpreendente ainda, era lindo e organizado, o quarto tinha uma grande cama de casal.
- Descansa aí um pouquinho, que eu vou prepara as coisas para nossa viagem. - disse fechando a porta do quarto.
Já tinha se passado mais de meia hora, o cheiro doce do lugar, que era igual ao da Jujuba, somado ao ambiente calmo fizeram com que minhas pálpebras pesassem e assim eu me entreguei ao sono. Não sei quanto tempo se passou, só sei que o sol começou a se deitar quando eu acordei. Acordei com a Jujuba muito perto, ela estava sentada na cama,  quase deitada sobre mim e com seu rosto muito próximo eu pudia sentir seu hálito doce e fresco, ela tinha as bochechas um pouco mais rosadas que o normal e mantinha seus olhos fechados, quase não percebeu quando eu despertei.
- Jujuba?! - disse baixinho.
- Simon, desculpa, eu só... - caiu para trás na cama.
Ela estava linda e fofinha, desta vez eu que ficaria por cima. Pousei um braço ao lado de sua cabeça e aproximando meu rosto ao dela sorri.
- Tudo bem, isso não me incomodou. - sorri mais uma vez e sentei corretamente. Ajudei-a a levantar e sentar-se. - Está tudo pronto? - ainda não tinha soltado sua mão.
- S-sim, mas se você quiser esperar até amanhã tudo bem.
- Não, não precisa, mas se você quiser.
- Não, eu gostaria de começar nossa aventura o mais rápido. - senti ela apertar ligeiramente minha mão.
- É, quanto antes começarmos mais cedo terminamos e eu vou embora.
- Tem razão. - notei um pouco de desânimo. - Vamos, então. - voltou a sorrir e saiu da cama.
Chegamos lá embaixo e dois cavalos de chocolate branco, meu preferido, esperavam por nós.
- Esqueci de perguntar se você sabe montar. E então, você sabe?
- Eu nunca montei, mas não parece difícil.
- E não é, você coloca o pé aqui, impulsiona e sobe, assim. - disse mostrando.
- Entendi. - Tentei. Coloquei o pé no lugar e impulsionei, não sei o que eu fiz de errado, só sei que quando sentei cai para o outro lado de cabeça no chão. Jujuba só ria. Tentei de novo, mas o cavalo se mexeu e eu cai antes de sentar. Dizem que a terceira vez dá sorte e foi o que aconteceu, mesmo com alguns problemas montei corretamente.
Começamos nossa viagem, quem foi que disse que uma grande viagem começa com um passo?!  A Jujuba disse que o Sol demoraria a se por, tínhamos tempo até a noite chegar e assim poderíamos adiantar a viagem. Então seguimos a viagem, porém  não sabia que quando se andava a cavalo as virilhas assassem. A lua estava apino quando finalmente paramos para descansar eu já não me aguentava de dor, não sei como aquelas pernas delicadas da Jujuba aguentavam. Ela havia levado uma barraca, do tamanho do meu quarto pra variar.
Ela tinha o espaço todo pra dormir, mas não sei por qual motivo ela deitou bem do meu lado encostadinha em mim, devia ser o frio. E novamente o cheiro doce dela me fez dormir calmamente.
Quando acordei sentir um calor diferente, era bom, olhei para meu tórax e vi as mãos amarelinhas e delicadas da Jujuba me envolvendo, não me importei, eu até que gostei, no entanto ainda não tinha esquecido minha vizinha, que infelizmente ainda me tratava como "amigo". Me virei e sem querer acordei-a , ela envergonhada com as bochechas agora vermelhas disse-me :
- De-desculpe-me, é que estava frio e eu me esqueci de pegar as cobertas de glacê em casa .
- Não se desculpe, eu também estava com frio. - dei um sorriso compreensivo -  Você não fez nada de mais, apenas nos esquentamos. - disse confortando-a .
E então levantamos e seguimos a viagem. Fiquei com um pouco de vergonha quando a Jujuba ouviu meu estômago reclamando de fome :
- Não se preocupe Simon ,eu também estou com fome ,vamos dar uma pausa e nos alimentar.
E então ela tirou duas cerejas da bolsa, que estranhamente tinham o tamanho de uma laranja, e me deu uma, quando terminamos seguimos viagem e eu novamente não me aguentava de dor. Ainda não havia anoitecido quando chegamos ao mar de molho rosê e a casa do Senhor Franguis bem à frente.


Batemos na porta e um um senhor bem velho, com cheiro de almoço na casa da minha avó, saiu e nos cumprimentou:
- Boa tarde, quase noite, meus jovens, podem entrar fiquem á vontade! Já estou preparando o jantar. -
Entramos e senti um cheiro maravilhoso de salada de alface com cenoura bem temperadinhos. Eu disse que sou viciado em doce, mas não disse que não curto salada. Então olhei em volta e percebi que era a casa, tentei disfarçar, mas mesmo assim eles viram quando tirei um pedaço da "parede" de cenoura.
- Ei, garoto, não coma toda a minha parede, ein! - disse o Senhor rindo de mim. - Mas não precisa nem comer mais da minha parede pois o jantar já está pronto.
Ele então colocou uma bela torta de pão com um pouco dos pedaços das belas batatas de sua terra. Enquanto jantávamos resolvi tocar no assunto que me levara ali:
- Então, Senhor Franguis, a Jujuba me contou que o senhor sabe de tudo.
- Só sei de tudo que eu sei, meu jovem. Não sei o que eu não sei. - buguei.
- Então, vovô, o senhor sabe por onde o Simon pode voltar para seu "mundo"?
- Lembro que li algo em algum livro. Depois do jantar vocês me ajudam a procurar?
- Claro. - disse animado.
E então, procurando entre poeira, ou  pimenta-do-reino, encontramos um livro de capa bem estragada e o mais estranho era que aquele livro não era comestível, ele era um livro igual a um do meu "mundo".
O senhor abriu o livro e nos mostrou por onde eu deveria ir, o caminho não era difícil, afinal era praticamente reto, o problema era que teria que passar por terras desconhecidas e isoladas para chegar no buraco que me sugaria e levaria para casa.
- Meu jovem, preste atenção, você devera dizer um versinho para que o buraco te leve para seu mundo. Se por acaso você errar quando o disser ficará preso aqui eternamente. - engoli em seco ao ouvir suas palavras, gostei um pouco desse lugar, do Senhor Franguis e da Jujuba também, mas o certo era voltar para a minha casa.
- Diga,diga logo por favor! - perguntei angustiado - Qual o versinho que devo falar?
- É o seguinte:
 Me leve para meu mundo;
Por favor!
E não me machuque nesse buraco fundo!
Achei aquele verso meio sem noção, mas fazer o quê, né*?! Eu já havia entendido onde era para pular, o que eu deveria dizer e onde ficava o buraco, também já sabia como ir, mas mesmo assim eu ainda não tinha entendido uma coisa.
- Tá*, já entendi quase tudo, mas... por onde devo passar? - perguntei meio envergonhado.
- Rapaz, você deve seguir o riachinho de queijo derretido, passar pela terra de cenouras e abóboras e continuar seguindo o riacho até sua nascente, onze passos depois você encontrará o buraco.
- Ok. - olhei janela afora e vi que a Lua brilhava no alto, ou seja, teríamos que esperar amanhecer.
- Aah! Que pena! - disse a Jujuba, não parecia que sentia realmente pena, parecia até aliviada. - Está de noite, não é seguro viajar nessas condições. - terminou.
- Você tem razão. - o Senhor Franguis acariciou o cabelo gelatinoso da garota, deveria ser uma boa sensação. - Mas, aqui não tem espaço para os dois. Eu sinto muito. -  estava sinceramente triste.
- Tudo bem, vovô. Eu e o Simon podemos dormir no castelo de férias do papai. É pertinho mesmo. - sorriu.
- Oi?! Castelo?! - não entendi nada.
- Como assim?! Você não contou a ele que é a princesa do Reino Negresco?!
- Princesa?! -  boiei de vez.
- Sim. - disse envergonhada - Eu não queria que você me tratasse diferente ao saber que eu sou uma princesa. - disse olhando para os dedos que se entrelaçavam de forma nervosa. - Não precisa mudar, tudo bem? - olhou para mim de forma irresistível. Mesmo que eu quisesse não conseguiria dizer não.
- Isso não passou pela minha cabeça, Jujuba. - sorri. - Então, vamos para o seu castelo. Fiquei curioso.
- Claro. - ela estava tão genuinamente feliz que era visível em seu lindo sorriso.
Arrumamos as coisas e nos despedimos do Senhor Franguis, ele fora de grande ajuda, seria eternamente grato aos dois. Montamos nos cavalos, dessa vez foi bem mais fácil, e partimos balançando as mãos em um tchau silencioso.
A viagem até o "castelo de férias" - Essas coisa existem? - durou cerca de uma hora e foi mais do que o suficiente para deixar minhas virilhas assadas. Quando descemos minhas pernas ficaram levemente afastadas, melhor do que a primeira vez. O castelo era impressionante, havia torres de banana e o castelo era de melancia.
Entramos, dentro era mais incrível ainda, as paredes eram todas em um belo tom de vermelho. Jujuba me apresentou a um cara engomadinho, provavelmente era quem cuidava do castelo, tipo mordomo, ou sei lá. Eles me guiaram a um quarto imenso, tinha quase o tamanho da minha casa toda. Pouco tempo depois o mesmo cara voltou e preparou o meu banho. Quando entrei no banheiro meus olhos quase saltaram para fora, a "banheira" era como uma piscina, estava colorida e não parecia água, era leite com morango. O banho estava divino, nunca tinha relaxado tanto na minha vida, a dor nas perna passaram rapidinho.
Ainda relaxando ouvi batidas na porta, fiz a única coisa em que pensei, afinal estava coberto pelo leite com morango.
- Entra. - vi a Jujuba entrando envergonhada buscando todos os cantos menos, onde eu estava.
- O que foi, Jujuba?
- Eu preciso te dizer uma coisa. Eu te amo. - disse firmemente, aquilo realmente me chocou, como assim ela me ama? - Eu te ajudei não foi?
- Sim, você me salvou. - sorri.
- Então, você vai ter que me pagar por isso. Termine de se lavar, estarei esperando em seu quarto. - sorriu maliciosamente. O que está acontecendo? Com certo receio sai do banheiro, estava de bermuda e com a toalha pendurada no pescoço, não havia necessidades de usar uma camiseta, havia?
Quando abri a porta do quarto a visão foi inesperada, Jujuba estava deitada na cama de forma sensual apenas de lingerie de algodão-doce. Não sabia o que fazer. Ela olhou diretamente para mim com um sorriso malicioso nos lábios e nos olhos.
- Está na hora de retribuir o favor. - ela me puxou pela toalha ainda olhando profundamente em meus olhos. Apenas segui.
Rapidamente estávamos perto da cama, ela acariciou minha nuca e subindo para o cabelo, os puxou levando meus lábios aos dela. A boca dela era quente e me fez pensar como seria ficar assim para sempre. Ela intensificava o beijo a cada segundo e eu a segurava de forma que não houvesse nenhum espaço entre nós, o que logo acabou, porque fui empurrado para a cama, caindo de costas no colchão macio de Maria Mole, sem perda temo a vi em cima de mim, beijando meu pescoço. Intercalando os beijos com as palavras.
- Por favor! Fique comigo. Eu... te... amo... - seus beijos ardentes já desciam para meu tórax. Já não aguentava mais, estava em meu limite, tirei tudo que naquele momento era desnecessário. A Jujuba eliminou a calcinha e sentou no meu colo. Bom, o resto você sabe como aconteceu. Em meio aos divertidos gemidos eu disse arfando.
- Jujuba, você sabe o porquê disso, não é?! Eu só estou retribuindo o... - ela não deixou-me terminar, tampou minha boca com suas delicadas mãozinhas. E não me aguentando novamente mordi sua mão, arrancando um dedo e gritos de dor da garota em cima de mim. Com o grito o mordomo engomadinho, mais ursinhos de brigadeiro e beijinho e o rei, descobri pela coroa de milho entraram desesperados no quarto nos flagrando em uma cena não muito decente de se ver. Eu desesperado e não pensando direito puxei minha bermuda, e a cueca claro, e pulei da janela abandonando a coitada sozinha na cama.
Quando pulei bati em uma das torres, que se quebrou, escorreguei em um dos pedaços e cai de cara no chão de Nescal (olha a propaganda!) Corri ainda com a cara suja, olhando para trás pude ver os ursinhos e Jujuba me perseguindo. Corri, corri e corri. Corri como quando corria no parque, lembrei o caminho para o buraco o segui. Rapidamente avistei as abóboras e cenouras.


Segui o riacho de queijo, ainda sendo perseguido. Localizei a nascente. 11 passos.  Nem sei quantos foram, estava feliz e aliviado em encontrar o buraco. Os ursinhos eram lentos então estavam distantes, já Jujuba corria na liderança e parecia chorar. Quase ri de suas lágrimas brancas, estranha como sempre. Lembrei da advertência do Senhor Franguis.
- Juju, desculpa. - gritei balançando os braços. Comecei a dizer o verso e pulei no buraco escuro.
Me leve para meu mundo.
Por favor!
E não me machuque nesse buraco fundo!
Depois disso acordei embaixo de uma árvore do parque com uma garota me sacudindo gentilmente, me informou que um galho podre da árvore havia me atingido na cabeça e eu caíra desacordado. Isso me deixou aliviado e um pouco triste.
***
- Nossa, cara! Que sonho mais bizarro. - Jake, meu amigo, disse.
- É, bizarro é pouco. Agora não consigo mais correr pelo parque sem pensar nisso.
- Seu pervertido! Você sonhando inocentemente com comida e depois come a mina. Falando nisso, como foi com a Renata?
- Meu irmão disse que não gosta de garotas como ela.

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segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Desnaturalidade Cinza


Prédios, paredes, produtoras
Os arranha-céus arranham o
Cinza céu de duradouras
Cidades cinzas
Cidades cinzas construídas
Cinzas cidades formadas
Através de idas
E vindas
Pelo homem deixadas
Do macaco fez-se
O homem
Do homem fez-se
As cidades
Das cidades fez-se
O lixo
Prédios, Paredes, Produtoras
Arranha-céus
Cidades Cinzas
Cinzas Cidades
Pegadas geradoras
De desnaturalidade



sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

E Nasce Um Psicopata



Era novamente verão, ele é tão chato e monótono quando você não tem nada para fazer. Tédio. Essa era a palavra que definia minha vida, não muito longa. O que mais desejava era uma simples aventura. Bater em alguém na rua, xingar alguém, amar alguém, ficar com alguém, tantas possibilidades, mas não havia ninguém. 
Eu queria sair para algum lugar que fizesse meu coração saltar e quase sair pela boca, não que eu quisesse morrer, isso não, por favor! Sou muito novo para morrer, tenho apenas 14 anos. 
Sabe, uma vez pensei em escrever em um diário, sei que isso parece coisa de menininha, mas seria legal relatar minha vida e deixar para a humanidade. Mas não sei o que escreveria nele, não acontece nada. Realmente nada demais. Apenas um pouco de bullying  na escola (olha para os lados para ver se não tem ninguém espionando.). 
Tudo por causa do nome idiota que tenho, minha mãe deveria estar bêbada e drogada e ter batido a cabeça para poder pensar numa bosta dessas. Ela provavelmente queria que eu fosse gay e me humilhar para o resto da vida. Há tantos nomes legais ou bonitos como:
Gabriel
Enzo
Renato
Tiago
Rafael
Dener
Adriel
Mas não, ela precisou me humilhar só porque não nasci menina. Meu pai a trocou pela minha tia mais nova, Maria Delícia Dazona, ela disse que eu nasci porque minha mãe bebeu demais na festa de Fim de Ano do trabalho. Bom, todos sabemos de onde vem os bebês, né?! 
Para parar de enrolar vou apresentar meu nome horrível: Jacinto Pinto Aquino Rego. 
Também, aquela mulher é uma louca, não tem condições de cuidar nem de si mesma. Eu milagrosamente sai normal, deve ser por causa do meu pai, que nem liga para mim. Ela só pensava em uma coisa: Machos. Cada dia ela dava para um cara diferente, parecia uma cachorra no cio. E graças a Deus ela nunca engravidou novamente, deve ser por causa do anticoncepcional que eu sempre colocava escondido no café dela. Não queria outra criança aqui, sofreria demais e não sirvo para o papel de babá. Já basta ser o empregado da casa.
Acho que meu pai tinha razão em trocar ela pela minha tia, pelo menos ela era responsável e gostava muito de mim. Um dia faço isso. 

3 de Janeiro de 1980

Querido Diário

Sabe pela primeira vez tenho algo legal para contar. Aconteceu uma das melhores coisas da minha vida ontem. Eu finalmente estou livre, mas guarde segredo (kkkk). Nesse momento estou escrevendo no ônibus que está indo para o Amazonas. 
Vou contar como foi ontem:
Cheguei da escola e eu ouvi os gemido vindos do quarto, fui até a porta, que estava semiaberta. Sinceramente, levei uma porra de um susto, o zelador que também era tipo um conselheiro para os alunos da escola estava trepando com a biscate. Voltei para a cozinha e peguei uma panela de pressão e uma faca (peixeira) , pensei que serviria. 
Retornei ao quarto e enquanto ela estava de quatro com os olhos fechados, acertei com a panela de pressão a cabeça do zelador fazendo-o desmaiar, repeti o movimento com a minha mãe. E assim cessei os gemidos que me irritavam mais e mais. Dei tapas na cara dos traidores para recobrarem a consciência, não fazia sentido eu me divertir sem plateia, por causa disso estavam desorientados, mas para evitar que tentassem escapar amarrei-os na cama. Primeiro cortei a piroca do desgraçado com a faca, fazendo movimentos lentos para que ele apreciasse a dor, ele gritava de dor e para calar sua boca enorme, carinhosamente enfiei o querido dele na goela dele. Ela me olhava horrorizada, aquela expressão parecia a melhor que ela exibiu até hoje. Dei-lhe um beijo na bochecha e disse suavemente: "Cheguei mamãe." Com a ponta da faca caminhei pela barriga que um dia me abrigou, como agora estava feliz de ter nascido, isso me proporcionou o benefício da vingança. E disse: "Já que você é uma maldita ninfomaníaca, dê para o Diabo." Meti a faca no lugar por onde sai e o lugar no qual ela sempre queria meter outra coisa. Ela gritou de dor, talvez os vizinhos tenham ouvido. Mas não me importei. Sorri. Corri para a cozinha sorrindo e por vezes gargalhando, não conseguia conter a alegria e o prazer que tomavam meu corpo. Peguei o alicate e mais uma faca. Quando voltei para o quarto vi a cama gloriosamente manchada de um vermelho pecaminoso. Com o alicate arranquei dente por dente daquela boca que já se encontrara com tantos machos que ultrapassa a população do Japão. Já cansado daquela brincadeira resolvi dar um fim naquilo, com a faca cortei sua garganta, fazendo com que o líquido vermelho me manchasse. 
Após terminar o espetáculo tomei um banho demorado e liguei para minha tia Maria. Pedi para me levar com ela, justificando que minha mãe havia me abandonado e fugido com o zelador da escola, não era bem uma mentira, a vadia realmente fugiu, só que para o inferno. 


Moral da História: Pense no Futuro do seu filho.











Autora: Prima da Giih